Não escolhi ser professora...

...mas aos 13 anos me vi matriculada pelo meu pai no curso de Magistério, sem a mínima ideia do que era o curso.
Não escolhi ser professora.Não sabia o que e porque estava ali. Me senti perdida, obrigada a fazer algo que nem sabia o que era.
No primeiro ano do curso não gostei e muitas foram as vezes que chorei de frustração, de medo, de angústia (sempre fui chorona...) porque não tinha outra escolha, meu pai havia decidido e não havia argumento ou discussão. Era lei. Desacato ou nota baixa não eram perdoadas.
No segundo ano conheci as didáticas (disciplina que ensina como dar aula de determinada matéria), ou melhor,  a Didática da Alfabetização. Me encantei com a narrativa da minha professora, de como era bela a descoberta da escrita e da leitura, de como era linda a construção dessa caminhada de "alfabetizar". 
Chorei novamente, mas dessa vez de emoção em descobrir que eu não estava ali por acaso. Eu estava ali para aprender a ser alfabetizadora.
A partir daí, meu olhar tomou um rumo diferente. As aulas de DA eram esperadas com ansiedade, minhas notas (que sempre foram muito boas) tornaram-se excelentes, meu amor por ensinar ia crescendo dentro de mim e eu nem me dava conta.
No terceiro ano, já era a "pupila" da minha professora de Didática da Alfabetização. Estreitei meus laços com o universo das cartilhas e metodologias, com Paulo Freire* e Emilia Ferrero*.
Tanto pedi e implorei à Supervisão do Curso, que consegui fazer meu estágio com uma turma de primeira série (naquela época, só nas turmas de 2ª, 3ª e 4ª série era permitido estagiar) numa das escolas mais tradicionais da minha cidade (olha a pretensão da louca!!!). A professora titular foi quem me alfabetizou e eu, como sua estagiária, tive a missão de  alfabetizar o filho dela! História que até hoje me surpreendo!
Me formei e já sonhava em lecionar, ensinar crianças a conhecerem esse rico universo da leitura e da escrita. Me empenhei muito pra isso, estudando, fazendo concurso. Passei já no primeiro... Minha primeira turma de verdade foi de 1ª série, e lá se vão 19 anos de alfabetização. Parece que foi ontem que aquela Carla menina e insegura iniciou sua trajetória de alfabetizadora. Hoje, sinto-me orgulhosa de poder dizer que segui o caminho que escolhi para minha carreira, que alfabetizar continua sendo minha paixão e meu desafio profissional, que mesmo diante de tanta dificuldade e olhares tortos à Educação Brasileira, não perdi o encanto nem a coragem de fazer a minha parte, a minha diferença. Porque amo o que faço e faço com amor, e cada criança que passou pela minha vida aprendeu muito comigo, mas me ensinou mil vezes mais.
Queridos colegas professores, Parabéns pelo Nosso dia!

*Teóricos da Educação que desenvolveram metodologias de alfabetização

7 comentários:

Ranyele Oliveira postou o comentário número:

Parabéns. Fiquei emocionada com seu depoimento!

Daqui uns anos será eu dando aula, e espero muito ter este prazer e amor como vc.

Boa noite!

Iara postou o comentário número:

Que lindo Paty,uma bela história, pode ter começado na obrigação mas resultou em muito amor.
meus parabéns

Luzia Lira Pedagoga postou o comentário número:

Na época não escolhi ser professora. Caí na profissão por acaso e falta de ter o q fazer. Adorei. Dei aulas por 25 anos. Agora estou só na coordenação. Adoro crianças. aprendo muito com elas.


Bjos Luzia

Keilla Colombo postou o comentário número:

Eu sempre fui louca para fazer o curso de magistério, mas infelizmente o curso não existe mais, agora para ser professora tem que fazer faculdade de letras...

E fico feliz por vc estar realizada na sua profissão...

Bjosss

Cissa Branco postou o comentário número:

Carla,

Que coisa, sabe que fui fazer magistério por imposição do meu pai, eu era muito rebelde e danada e fui expulsa da escola, de castigo meu pai me matriculou no magistério, o primeiro ano foi como o seu, já no segundo estava completamente envolvida, entrei em sala de aula aos 15 anos e só saí aos 32, quando realmente cansei. Depois do magistério fiz a especialização em professora Jardineira, aquela que dá aula em jardim de infância, coisa que eu adorava. Trabalhei em todos os níveis e modalidades, em escolas que até Deus duvida, mas trago boas memórias.
Grandes beijos e parabéns

Sonhos e Artes postou o comentário número:

Olá minha linda! Vim com saudades, saber de voce e da sua família! Espero em Deus que esteja tudo bem! Te ofereço um selinho...tá lá no Sonhos! Bjus. Josi

Borbulhas Literárias postou o comentário número:

Parabéns, querida. A profissão não é fácil, requer muitos cuidados e disposição psicológica. Não são todos que têm esse dom, ainda mais diante da desvalorização e pouco reconhecimento financeiro. Admiro professores.

Um beijo.

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